Home / Relatórios de transparência das big techs não são nada transparentes
Notícias
Fique por dentro das principais notícias do setor publicitário no Brasil e no mundo.

Relatórios de transparência das big techs não são nada transparentes

Fonte: Fast Company

17 de janeiro de 2023

Um novo estudo sugere que nenhuma das 13 maiores empresas de tecnologia atende aos princípios-chave de transparência

Em intervalos regulares, as maiores empresas de tecnologia divulgam dados mostrando como estão respondendo aos desafios de comandar as plataformas que dominam o mundo. Os relatórios de transparência revelam com que frequência são tomadas medidas para combater conteúdo impróprio – nudez, terrorismo ou discurso de ódio – e as contribuições com autoridades para a aplicação da lei.

Mas há um problema: estes relatórios, apesar do nome, não são nada transparentes, de acordo com uma nova análise realizada pelos pesquisadores Aleksandra Urman, da Universidade de Zurique, e Mykola Makhortykh, da Universidade de Berna.

O princípio-chave da transparência é garantir que as plataformas de tecnologia atuem de forma honesta, reportando as principais métricas que utilizam para demonstrar como operam. É comum que as empresas as divulguem regularmente, geralmente a cada seis meses. O Google foi pioneiro, publicando seu primeiro relatório de transparência em setembro de 2010. Desde então, outros seguiram seus passos.

No entanto, há dúvidas sobre o quão transparentes eles realmente são. Urman e Makhortykh analisaram o conteúdo dos relatórios de diversas empresas com base nos Princípios de Santa Clara, diretrizes para melhores práticas de transparência na moderação de conteúdo das plataformas. Eles foram criados em 2018 e, rapidamente, várias empresas de tecnologia passaram a endossá-los.

FALTA DE TRANSPARÊNCIA POR TODO LADO

Os pesquisadores descobriram que nenhuma empresa de tecnologia segue totalmente os princípios que alegam endossar. Algumas, como o Snapchat, declaram o número total de contas suspensas e conteúdos contra os quais tomaram medidas, mas quase todas as outras seguem apenas parcialmente as diretrizes.

“Os Princípios estabelecem que, para todos os dados divulgados, deve haver uma desagregação por país. E é isso que falta na maioria dos relatórios”, explica Urman. Algumas empresas se saem pior do que outras. A Apple e a Amazon, por exemplo, não cumprem muitos dos Princípios avaliados por Urman e Makhortykh.

Segundo os pesquisadores, isso é grave devido à influência descomunal que ambas têm em nossas vidas digitais. “Não está totalmente claro o que a Apple avalia como conteúdo impróprio. Ela, de fato, modera a App Store. Só não sabemos como”, diz Urman.

Da mesma forma, acredita-se que a Amazon modere os livros que vende em seu site, retirando alguns que considera inadequados para venda. “A Amazon faz algo a respeito? Não sabemos.” Microsoft, LinkedIn e Twitch aderem apenas a alguns dos Princípios e não quiseram fazer comentários para esta reportagem.

Urman também destaca alguns problemas nos relatórios de transparência do Google e do YouTube. “O Google foi, na verdade, o pioneiro dos relatórios de transparência. [Mas] não detalha todos os seus produtos ”, revela a pesquisadora.

“Existem relatórios apenas do YouTube. Há outros sobre o Google. Mas nenhum apresenta detalhes. Por exemplo: o que derrubaram do YouTube? O que derrubaram do sistema de busca? E quanto aos seus outros produtos, como o Google Docs? Também não sabemos.”

Um porta-voz da empresa disse: “O Google é líder em relatórios de transparência de seus produtos há anos e divulgamos regularmente informações sobre solicitações do governo para remoção de conteúdo, bem como as medidas que tomamos para proteger nossos usuários e plataformas de conteúdo que viole nossas políticas ou leis locais. Acreditamos na transparência e continuaremos buscando maneiras de expandir esses esforços no futuro”.

GRANDES PODERES, GRANDES RESPONSABILIDADES

A transparência é fundamental devido ao papel central que as empresas de tecnologia desempenham em nossas vidas. Também porque fornece informações essenciais para que políticos decidam a melhor forma de regular essas plataformas.

“É bom estar bem-informado sobre o que está acontecendo. Mas, no momento, é praticamente impossível em muitos aspectos. E acredito que isso possa levar a uma regulamentação excessiva ou insuficiente das plataformas”, diz Urman.

Além disso, a transparência também faz com que o público tenha mais confiança nas empresas e permite que pessoas comuns exerçam pressão, caso sintam que elas estão cometendo erros.

O fato de os relatórios de transparência geralmente serem publicados apenas em inglês limita esse elemento de vigilância. Da mesma forma, a não divulgação de dados segregados por país provavelmente mascara problemas fora dos mercados ocidentais, onde está a maior parte do dinheiro – e dos recursos.

“É o que chamamos de ‘verniz de transparência’, quando as empresas liberam apenas informações que são boas para a sua imagem”, afirma Urman. “Se não há informações sobre moderação de conteúdo por país, não há como saber se ela funciona apenas, digamos, nos EUA, mas em nenhum outro lugar.”

Confira matéria na Fast Company

Veja Também

Sobre

A Associação Brasileira de Agências de Publicidade (ABAP) foi fundada em 1º de agosto de 1949 para defender os interesses das agências de publicidade junto à indústria da comunicação, poderes constituídos, mercado e sociedade. Dentre suas realizações estão a cofundação do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR), do Conselho Executivo das Normas-Padrão (CENP), do Instituto Verificador de Comunicação (IVC) e do Instituto Palavra Aberta.