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5 de setembro de 2023
Em sua passagem por Brasília, o pesquisador e escritor bielorrusso Evgeny Morozov, especialista em ambientes digitais, reforçou a necessidade de se ter uma agenda de desenvolvimento tecnológico no País para combater problemas ocasionados pelas plataformas digitais. Além da UnB e da Anatel, o pesquisador fez uma série de conversas com diversos representantes do poder executivo e parlamentares.
Em sua palestra na Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB), Morozov destacou que o poder do Vale do Silício (EUA) e das big techs está moldando ações da sociedade. “Precisamos de tecnologias diferentes para pensarmos uma sociedade diferente. Hoje, a gigantesca força das plataformas pode distorcer a política e elas nem sempre agem com o interesse público, mas sim, para atender interesses de investidores”, afirmou o pesquisador.
O pesquisador pontuou que nessa situação, o Brasil deveria pensar em se concentrar na construção de tecnologia. “Nesse caso, o estado surge como um grande facilitador para a construção de insumos e de tecnologias alternativas. O que precisamos estimular é a criatividade, a inovação como formas de solucionar problemas e criar valor”, disse Evgeny Morozov ao público que lotou o auditório Pompeu de Souza, da Faculdade de Comunicação.
“Hoje, vejo uma lacuna gritante no discurso para vencer o Vale do Silício e seu poder tecnológico. Precisamos mostrar que o governo deve ser uma força fundamental para estimular e fundamentar formas de inovação mercadológica. Todos nós aspiramos a mudanças na sociedade. No entanto, o sistema capitalista atual nos transforma em empreendedores”, destacou Morozov.
É preciso superar a narrativa, afirmou o pesquisador, de que a inovação atualmente passa pelas big techs. Nesse ponto, ele defende que a alternativa está no estímulo à educação, incrementando escolas universidades e centros de formação de pessoas no campo da tecnologia. “Precisamos construir um modelo que seja uma alternativa da proposta pelo Vale do Silício. Sem isso, ficamos presos em sua narrativa”, disse.
Evgeny Morozov também conversou com servidores e dirigentes da Anatel. Na ocasião, ele destacou que é importante, antes de se pensar em qualquer modelo regulatório para o ecossistema digital, buscar uma diretriz tecnológica de país.
Um dos aspectos que ele destacou é que a aplicação de regras implantadas em outros países não pode ser a ideal para o Brasil. “As realidades dos países são diferentes. A realidade da Estônia é diferente da realidade do Brasil, por exemplo”, disse.
Ele também destacou que o estado precisa agir na mediação sobre a agenda regulatória desse ecossistema, e para isso, é preciso que os governos tenham uma visão sistêmica desse processo.
“A questão está no desenvolvimento econômico do país. Que estratégias serão desenhadas para direcionar o país para superar os desafios do ecossistema digital e criar suas próprias ferramentas?”, questionou.
Evgene Morozov é pesquisador e escritor bielorrusso e publicou obras em que manifesta seu ceticismo em relação ao suposto caráter libertário da Internet e alerta para os perigos das big techs para a democracia e a liberdade de expressão. No Brasil, ficou conhecido pelos seus livros “Big Tech: A ascensão dos dados e a morte da política” e “A cidade inteligente: Tecnologias urbanas e democracia”. Em 2018, foi nomeado um dos 28 europeus mais influentes pela revista Politico. Em 2019, lançou o Syllabus, projeto de pesquisa, seleção e divulgação de conteúdo independente.
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