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17 de julho de 2022
Saiba como reconhecer uma notícia mentirosa e evitar propagá-las
Especialistas ouvidos pelo Terra apontam que o jornalismo e a educação são dois fatores essenciais para o combate as fake news. De acordo com eles, com o avanço digital, se torna cada vez mais difícil ter controle das notícias mentirosas que circulam nas redes sociais.
O analista de sistemas Gilmar Lopes, criador do e-Farsas, primeiro site especializado em fact checking do Brasil, explica que o termo fake news já existe desde 1.800 nos Estados Unidos, mas só se popularizou mesmo depois de Donald Trump. “O ex-presidente norte-americano basicamente usava o termo para classificar alguma notícia que não gostava”, conta.
Uma pesquisa realizada pelo dfndr lab, laboratório especializado em segurança digital da Psafe, analisou o comportamento dos brasileiros com relação às fake news. O estudo revela que 75% dos entrevistados já foram impactados por notícias falsas, e 55% dos respondentes repassaram fake news sem saber.
O número indica que um a cada dois brasileiros já teria sido um potencial disseminador de notícias falsas, ainda que de forma não-intencional. A pesquisa entrevistou 70.333 brasileiros, usuários do aplicativo dfndr security, em 2020, e as projeções utilizam como base o número de brasileiros usuários do sistema Android no país, que seriam 131,1 milhões de pessoas.
Lopes relata que as notícias fraudulentas se potencializaram com a internet, já que possibilita que um único perfil transmita uma informação para milhares de pessoas. Além disso, houve o avanço das deep fakes, tecnologia que consiste em colocar o rosto de uma pessoa no de outra em um vídeo, o que torna ainda mais difícil a contestação desses conteúdos.
“No Brasil, em 2017, começou-se a usar mais as fake news na política, mas o grande ápice foi em 2018. Era um grande número de notícias falsas o tempo todo. A eleição é um momento em que se usam muitos dados reais, mas para distorcer uma situação”, afirma ele, que também destaca que os criadores de conteúdos falsos estão se especializando cada dia mais.
Os criadores de boatos digitais, como explica Lopes, sempre vão em cima do assunto que está em alta no momento. Mas, atualmente, também há direcionamento desses conteúdos para determinadas pessoas públicas ou instituições, na tentativa de desmoralizá-las.
As redes sociais são os lugares de maior propagação desse tipo de material e algumas até já têm iniciativas para tentar restringir notícias falsas. Como exemplos, há o bloqueio de contas no Twitter e no Facebook e também a diminuição da monetização de canais que disseminam notícias falsas no Youtube.
“Hoje, os criadores de fake news monetizaram isso com vídeos no Youtube sobre o assunto. Os vídeos bombam e eles ganham dinheiro. Ao meu ver, nenhuma das iniciativas das plataformas foi 100% eficaz, porque o volume de conteúdos falsos é muito grande e você também esbarra na liberdade de expressão. Ainda está muito longe de combatermos isso. A única forma eficaz mesmo seria a educação desde a escola, voltada para o uso da internet”, destaca o analista de sistemas.
Lopes alerta que geralmente as notícias falsas vêm em tom alarmista, com letras maiúsculas e coloridas. Além disso, não são datadas, então podem ser compartilhadas em diferentes momentos. “Quem as dissemina coloca que é preciso compartilhá-las o mais rápido possível, antes que sejam apagadas”, explica.
Além de casos mais graves envolvendo fake news, hoje notícias falsas também criam tratamentos milagrosos para diversas doenças, e o perigo, segundo o especialista, é que em alguns casos a pessoa pode deixar de fazer o tratamento convencional para apostar em simpatias perigosas, que não vão ajudá-la em nada.
“É muito importante verificar o assunto com veículos de confiança, o jornalismo é a melhor arma que temos atualmente para acabar com a desinformação. Portanto, eu sempre indico que abra o navegador, dê uma pesquisada e cruze informações, se possível leia mais de um veículo. Na dúvida, não compartilhe”, orienta Lopes.
Para o diretor executivo do Instituto de Tecnologia e Sociedade, Fabro Steibel, o problema das fake news é sistêmico. “Não existe solução mágica. Por isso que a União Europeia, por exemplo, adota como caminho a educação, ou autorregulação às plataformas, ou uso da polícia, de forma combinada”.
De acordo com ele, a sociedade enfrenta uma desinformação profissional. “É aquela que temos que falar sobre quem está financiado isso. E sabemos que existe um ecossistema que se financia e é financiado por isso. Esse ecossistema vai se especializar em se eleger, em ter atenção da mídia e patrocínios a partir disso, e vai se especializar a prestar serviços de crime cibernético”.
Para combater as fake news, Steibel afirma que o primeiro passo é seguir o dinheiro, ou seja, identificar quem financia esses conteúdos. Na sequência, é importante mensurar quais são os danos sociais da desinformação. ‘E o terceiro ponto é fortalecer o jornalismo como um todo”, finaliza ele.
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