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Marcas de varejo crescem em faturamento e não se deixam afetar pela pandemia

Fonte: Fast Company

24 de agosto de 2022

300 maiores varejistas do Brasil faturaram R$ 892 bilhões, quase R$ 100 bilhões a mais que em 2020

A pandemia foi um curso expresso de resiliência para o varejo. A necessidade de digitalização, de criar experiências de compra remota com qualidade e de manter as vendas em uma crise econômica fizeram com que algumas redes saíssem do turbilhão ainda mais fortes.

Segundo o ranking “300 Maiores Empresas do Varejo Brasileiro”, da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), a pandemia não foi capaz de impedir a expansão das maiores empresas do setor: no total, houve crescimento de 13,2% em 2021 em relação ao ano anterior.

As 300 maiores varejistas tiveram um faturamento bruto de R$ 892,4 bilhões, quase R$ 100 bilhões a mais que a edição anterior. O Carrefour lidera a lista, com R$ 81,2 bilhões – o equivalente a 9% das vendas do ranking.

O top 5 (Carrefour, Assaí, Magazine Luiza, Via e Americanas) soma um faturamento de R$ 239,8 bilhões, ou 26,9% do faturamento das 300 maiores.

“O varejo acelerou sua expansão em 2021, combinando abertura orgânica de lojas e aquisições. Também verificamos um salto na maturidade digital do setor, com ampliação das vendas online, que chegaram a 11% do total”, afirma Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail e vice-presidente da SBVC.

O percentual de empresas que oferecem compras pela internet chegou a 75%, com destaque para o setor de supermercados, que, de 2019 a 2021, saltou de 28% para 61%.

Cinco das 10 empresas que mais aumentaram as vendas em 2021 são do segmento de moda. A pandemia provocou um represamento do setor em 2020 e a reabertura das lojas físicas deu novo impulso às vendas.

Das 300 varejistas listadas, 45 são de capital aberto. Embora sejam apenas 15% do total, elas respondem por 44,2% do faturamento. Vale destacar que 18 redes têm mais de mil lojas, com o Grupo Boticário em primeiro lugar, seguido por Cacau Show, McDonald’s, Raia Drogasil e Americanas.

Marcas fortes em tempos de crise

Marcas que se mantêm relevantes e fortes no mercado de varejo são aquelas que entendem e se adequam às necessidades dos consumidores. Permanecer alinhada às tendências e presente em toda a jornada de compra – seja no online ou no offline –, oferecendo um portfólio de produtos completo, serviços e uma experiência diferenciada são questões chaves para garantir o sucesso no contexto atual.

“Em um cenário mais forte de omnicanalidade – consumidores frequentando mais canais buscando o melhor acordo para as suas compras –, o grande foco dos varejistas para manter a força é investir na fidelização do consumidor. Isso passa por ter um bom sortimento, promoções assertivas nas cestas/ categorias corretas e, claro, experiência de compra”, afirma Gabriel Leibel, gerente de shopper da divisão Worldpanel da Kantar, empresa global de pesquisas e insights.

Segundo Leibel, entender o novo comportamento do consumidor, afetado pela pandemia e seus impactos tanto na jornada de compra e quanto no âmbito econômico (com o avanço da inflação), é o principal desafio para o varejo em 2022.

“Compras mais fragmentadas, com menor desembolso por viagem e com maior visitação a diferentes canais é a nova realidade do consumidor, que busca cada vez mais racionalizar a compra para contornar a pressão financeira”, explica Leibel.

Como reflexo, compras maiores com intuito de abastecimento estão perdendo relevância e compras menores, de urgência e com tíquetes médios mais baixos se tornam mais frequentes.

A busca por produtos substitutos com menor valor agregado – por exemplo, misturas lácteas como alternativa para leite condensado – também vem ganhando relevância no curto prazo, evidenciando a busca por produtos ou marcas mais baratas que caibam no bolso.

Tendências de varejo para 2022

Para continuar mantendo a força, a Kantar identificou algumas tendências que serão parte da rotina dessas marcas.

– Omnicanalidade: empresas devem buscar estratégias para se fazerem cada vez mais presentes na jornada de compra e com um portfólio que esteja alinhado com os desejos do consumidor. A presença digital deixa de ser um diferencial e passa a ser uma necessidade.

A interação entre o online e o offline como meios de acesso complementares na jornada de compra, e não mais como concorrentes, torna cada vez mais necessário que empresas adotem um modelo omnicanal.

– Quick commerce: a experiência de compra no e-commerce vem sendo melhorada, principalmente na velocidade de entrega. Os consumidores esperam que a entrega seja realizada o mais rápido possível. Nesse contexto, surge o modelo de quick commerce, no qual as entregas são feitas em questão de minutos.

Empresas como Mercado Livre e Lojas Americanas já adotam o modelo, presente também nos principais aplicativos de delivery como Rappi, iFood e Daki. Dessa forma, a atuação dos varejos no quick commerce passa a ser um diferencial competitivo importante.

– Uso inteligente de tecnologia e dados: o avanço da tecnologia vem permitindo que varejistas transformem a forma como fazem negócios, controlam estoques, entendem o comportamento do consumidor e melhoram sua experiência na loja. O uso de machine learning e de inteligência artificial permite que varejistas façam controle de estoque em tempo real, contribuindo para garantir a presença de produtos chave dentro da loja e evitar rupturas.

A automatização de serviços de atendimento ao cliente vai impactar positivamente, por exemplo, na facilidade de pagamento e na redução de tempo de espera em filas. A coleta de dados, principalmente através das plataformas digitais, ajuda a entender o perfil do consumidor, permitindo mapear suas preferências de compras e, assim, oferecer produtos direcionados a seus desejos e necessidades.

– Sustentabilidade: a implementação de programas e práticas ambientais, sociais e de governança corporativa é uma forte tendência no âmbito do varejo. A preocupação com saúde e sustentabilidade é uma das prioridades para grande parcela dos consumidores e se tornou um diferencial competitivo. Cada vez mais, consumidores estão dispostos a pagar um valor superior em produtos ou serviços que evidenciam o compromisso com a sustentabilidade.

Confira matéria na Fast Company

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