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19 de maio de 2023
O problema da conexão de internet pelo Brasil foi intensificado com a pandemia, quando foram expostas várias fragilidades na rede. Assim, o Ministério das Comunicações (MCom) anunciou que o Fundo para Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel) disponibilizará aos prestadores de pequeno porte (PPP) fundos de crédito. O valor, de R$ 100 milhões, foi aprovado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no dia 25 de abril. Na semana passada, também foram liberados recursos de R$ 1,17 bilhão para expansão de de internet em escolas públicas, propriedades rurais e regiões periféricas urbanas.
“Nós temos muitas localidades do Brasil em que temos a malha de conexão, mas é uma malha que não chega a pequenos municípios, de menos de 100 mil habitantes. E quando falamos dessas regiões, são um oceano azul de oportunidades para pequenos até grandes operadoras”, comenta Jesaias Arruda, vice-presidente da Associação Brasileira de Internet (Abranet). Ademais, esse montante a ser liberado pelo MCom surge a partir da aquisição, pelo Funttel, dos direitos creditórios (Fidc) da DPR Telecomunicações, empresa com sede em Sorocaba (SP) que oferece soluções integradas para a estrutura de internet de banda larga fixa empresas do tipo PPP.
Desse modo, dos R$ 100 milhões disponíveis, 80% são oriundos do Fidc enquanto os demais R$ 20 milhões serão disponibilizados pela própria DPR. “A partir dessa decisão do Ministério das Comunicações, em disponibilizar os créditos para o BNDES, conseguimos ver uma luz no fim do túnel. A questão principal em crescer em regiões como essa são os recursos financeiros para pequenos provedores”, analisa Arruada.
“Acredito que uma das coisas que o Brasil fez muito bem foi levar a malha de fibra para vários locais. Porém, a malha 5G ainda é muito pequena. Se os investimentos do governo forem destinados a essa evolução, é possível que problemas na primeira linha da conexão sejam corrigidos”, comenta Lucas Stolze, CEO da ExitLag. A primeira linha da conexão é a comunicação entre o celular ou aparelho com a antena de transmissão.
A empresa, fundada em 2010, criou um sistema de programação que, automaticamente, otimiza o tráfego de dados pelas faixas de internet. Desse modo, o encurtamento de rotas por meio de diferentes sistemas de operadoras garante ao usuário maior estabilidade na conexão. Recentemente, a funcionalidade, aliada ao 5G, foi exposta pela ExitLag no MWC 2023 para gerar cobertura de rede estável. “Acredito que o surgimento dessas tecnologias que facilitam o acesso e a disseminação de conteúdo e quanto mais acessível e maiores investimento tiverem, mais pessoas terão acesso a oportunidades de vida e de negócios”, diz.
“Temos rede 5G em todas as capitais do País, mas, efetivamente, ter velocidade 5G é um desafio muito grande”, avalia Arruda. Os pequenos provedores encontram algumas vantagens nesse projeto expansionista de estradas e bandeiras, como a facilidade e a otimização dos recursos disponíveis. Portanto, o vice-presidente da Abranet ressalta a importância de ter alocado bem os recursos financeiros em provedores que tenham a capacidade de fornecer o acesso efetivo à rede de internet.
Desse modo, Stolze, da ExitLag, acredita que, a partir da fragmentação dos servidores, seja um caminho possível para a maior democratização do acesso à internet. “O usuário em regiões mais remotas, às vezes, só vai ter uma opção de acesso, enquanto o usuário de zona urbana tem duas ou três opções de antenas de conexão”, ressalta. Os próximos passos da ExitLag ainda neste ano é expandir a relação com provedores para conseguir oferecer outros caminhos alternativos de interconexão para o usuário.
Além disso, outras tecnologias além do 5G estão sendo exploradas nas infraestruturas de telecomunicações, como é o caso do WiFi 6E. Tradicionalmente, as redes de conexão – sejam o rádio, as emissões televisivas ou a internet – operam por faixas ou espectros de cobertura. Atualmente, duas faixas são utilizadas: a banda de 2,4 GHz, com interferências de dispositivos como babás eletrônicas, e a banda de 5 GHz.
Assim sendo, a rede 6E surge como faixa adicional que estará livre de dispositivos e WiFi herdados (roteadores). “Essa é uma rede que vai permitir o controle de equipamento em sistemas outdoor e indoor. Neste momento, estamos fazendo um piloto licenciado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em São Paulo e queremos realizar nos próximos dois meses uma versão maior em Manaus”, comenta Arruda.
Por fim, como desdobramento dessas descisões do Funttel, o MCom também liberou na semana passada R$ 1,17 bilhão. O montante ficou represado por 23 anos desde a criação do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust). O órgão tem como principal objetivo investir em propostas de expansão de redes de internet em escolas públicas, pequenas propriedades rurais e regiões periféricas urbanas. Arruda ressalta que esse é um imposto dos anos 2000 que passará a ser usado para seu objetivo final.
Atualmente, a malha de internet que conecta pessoas, casas e objetos tem maior predominância nas regiões Sul e Sudeste do País, além das principais capitais do Centro-Oeste. A cobertura de redes de internet móvel (2G,3G, 4G e 5G) atingir mais de 90% dos moradores do País. Todavia, cinco estados estão abaixo dos 80% dessa cobertura, entre os municípios, revelam os dados do Painel Cobertura Móvel 2021. “Quando olhamos para região Norte, por exemplo, de 450 municípios, 18% não têm nenhum tipo de conexão”, comenta Arruda.
Ademais, para o executivo, é de total interesse dos demais setores do governo que esses serviços de cobertura estejam disponibilizados para todos municípios. “Quando chega a internet, ocorre a inclusão que não é só digital nem social, é uma inclusão econômica da cidade. Assim, conseguimos fomentar novos negócios”, diz Arruda. Com 25 anos de existência, a Abranet tem como principal ponto norteador levar a rede de internet para todos os lugares do Brasil.
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