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3 de maio de 2023
Governança ambiental, social e corporativa traz o significado da sigla ESG, do inglês “environmental, social, and governance”. Essas três letras são a ressignificação da busca de sucesso de negócios pelas empresas. Agora, para muitas, o desejo é fazer parte de um desenvolvimento econômico sustentável e inclusivo.
Um dos passos para o desenvolvimento desse sistema é a obtenção da Certificação B. Empresas como Danone, Patagonia e Ben & Jerry’s já fazem parte do seleto grupo que conseguiu garantir o B Corp. A América Latina possui, atualmente, 1.309 empresas certificadas. Dessas, 289 são brasileiras. Já no mundo, a estimativa já passou de seis mil companhias preocupadas com impactos positivos.
Dilma Campos, CEO & Partner da Nossa Praia e Head de ESG da B&Partners.co, explica que a jornada dessas empresas é complexa e impacta toda a cadeia de produção. A implementação do sistema B exige uma estratégia para a política de governança. A executiva explica que o sistema aprova empresas que possuem alta maturidade em ESG. “Mensurar a jornada ESG das empresas é fundamental para se conhecer onde se está, traçar um objetivo e um plano de ação a ser seguido focado em ações regenerativas”, diz.
Essa certificação é dada a empresas que garantem entregas de padrões voltados aos aspectos social e ambiental, transparência e compliance, além de balancear os lucros com os propósitos e valores em parceria com todos os steakholders. Para isso, uma empresa precisa fazer uma avaliação de impacto e garantir a pontuação mínima de 80 pontos, de 200 possíveis.
Nesse processo, cinco categorias de performance são avaliadas: ambiente, compradores, clientes, sociedade e governança. A ideia é medir quão avançadas as empresas estão nessas questões e em quais aspectos elas podem melhorar.
No Brasil, a Profile – agência especializada em sustentabilidade, impacto positivo e ESG – conseguiu o certificado B Corp. Desde o início de sua criação, a agência buscava trabalhar com estratégias de sustentabilidade. Por isso, em 2019, atualizou políticas para garantir a certificação.
Rodrigo V, Cunha, fundador e CEO da Profile, explica que a transição da empresa chegou a durar cerca de um ano, e que muitas atualizações foram feitas. Um exemplo foi a ampliação da licença paternidade para seis meses, ampliação da diversidade no quadro de funcionários e impacto com os clientes.
“Estabelecemos métricas para isso, consultamos os nossos clientes sobre a nossa performance”. O executivo reforça, ainda, que esse processo não é fácil, mas que é preciso persistir. “Tem empresas que precisam mudar algumas coisas importantes na gestão. Como você olha para dentro, como escolhe os fornecedores, é um processo longo para adaptação”, diz.
Em nível global, a Wieden+Kennedy conseguiu transformar seus nove escritórios em uma agência com certificação B. Para isso, a empresa contou com participação de todo o seu time, fazendo com que todos os aspectos dentro da companhia funcionassem de forma saudável.
E para conseguir a certificação, a agência contou com especialistas como a Zevero, empresa que ajuda na mensuração e redução de impactos e descarbonização, e Klimate, uma plataforma integrada para estratégia e ação de remoção de carbono de alta qualidade. “Obter o status de B Corp para toda a rede Wieden+Kennedy foi complexo. Está em nossa cultura que cada escritório funciona de forma independente e queríamos respeitar essa individualidade saudável”, explicou o diretor de contas do grupo Wieden+Kennedy Amsterdam e diretor de impacto social, Luke Purdy em um comunicado à imprensa.
O executivo avalia ainda que, embora os escritórios da W+K atuem de forma independente, é preciso estabelecer os padrões para ajudar na jornada de cada uma das agências. “Aprendemos que sem colocar as políticas no papel será difícil estabelecer padrões duradouros e acompanhá-los. Mas entendemos que a certificação B Corp é apenas o começo da jornada”, diz.
Para as agências, que são empresas voltadas à comunicação, tornar-se B Corp é uma oportunidade de se aproximar das empresas que já seguem essas diretrizes. Isso também se torna uma oportunidade de negócios. No entanto, segundo Rodrigo, CEO da Profile, muitas dessas não fazem uma reflexão sobre que tipo de produtos e serviços estão ajudando a vender.
“Às vezes para você fazer parte de um processo como o do sistema B você precisa renunciar a alguns clientes que estão contribuindo para aumentar as desigualdades sociais, a destruição dos recursos estruturais. É um processo que passa pela conscientização da liderança”, argumenta.
O executivo acredita que conscientizar os líderes durante esse processo é primordial para que mais empresas consigam chegar à certificação.
André Gustavo, presidente Latam da Wieden + Kenndey, entende que parte do trabalho das agências é mostrar a propaganda de uma forma boa, como agentes do bem, por isso, foi importante para a agência deixar público o compromisso com a sociedade. “Formalizar e deixar público para a sociedade nosso compromisso e responsabilidade para trazer impacto positivo. Não se trata de parecer bonzinho, mas o profundo entendimento que, enquanto empresa, temos responsabilidade socio-econômico, social e ambiental”, avalia.
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