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15 de março de 2022
Em painel de destaque no SXSW, jornalista filipina Maria Ressa defende que big techs criem mecanismos de proteção contra discursos de ódio e fake news para não matar a democracia
Diante de uma plateia que lotou o Ballroom D do Austin Convention Centre, em Austin (EUA), a jornalista filipina Maria Ressa, vencedora do Nobel da Paz e eleita a pessoa do ano pela Times em 2018, fez duras críticas ao posicionamento das big techs – especialmente ao Facebook, um dos principais alvos neste SXSW – e seus impactos na geopolítica global, afirmando que estão destruindo a democracia.
Ela afirmou que as gigantes da tecnologia deveriam se responsabilizar pelo modo como discursos de ódio e fake news são difundidos por seus sistemas e redes, levando à desinformação e ao extremismo em muitos países, e afetando, inclusive, o resultado de eleições mundo afora.
Em um painel intitulado “How to Stand Up to a Dictator” (Como Enfrentar um Ditador), o Brasil e o presidente Jair Bolsonaro foram várias vezes mencionados como exemplo do que está acontecendo no mundo em governos de direita – Ressa citou a forma ruim como o mandatário brasileiro conduziu o país durante a pandemia de coronavírus.
Segundo a filipina, infelizmente os governos extremistas estão ganhando, com a ajuda das big techs, porque eles conseguem achar essas fendas na sociedade através das redes sociais e estão trocando informações entre si. Para Ressa, as big techs não podem continuar falando que a tecnologia não é boa nem má em si mesma, e ser neutro não é mais o suficiente.
“Estamos tentando encontrar uma nova maneira para a sociedade civil, mídia, organizações empresariais e religiosos lidarem com as mentiras exponenciais. Espero que seja o suficiente, porque, se não, os dominós voltam a cair e fica muito mais difícil nos recuperarmos”, disse Maria Ressa.
Também participou do painel o ucraniano Peter Pomerantsev, Senior Fellow no Agora Institute da Johns Hopkins University. Segundo ele, a sociedade não pode mais tolerar o argumento de que as big techs não agem porque respeitam a liberdade de expressão e que não podem cerceá-la.
Segundo os panelistas, há uma falácia aí, e o que existe, na verdade, é uma liberdade de distribuição, e não de expressão, já que as redes sociais são capazes de amplificar discursos de ódio e fake news.
“Há censura e uma enorme intimidação do público russo dentro da Rússia. Google e Apple têm o poder de entregar a verdade a todos os russos que têm um telefone alimentado por seus sistemas. Essas empresas precisam entender o seu papel nessa dinâmica”, afirmou Peter.
As críticas foram feitas poucas horas antes da participação prevista de Mark Zuckerberg no SXSW – o CEO da Meta participa de forma virtual de um painel sobre o desenvolvimento do metaverso, na tarde desta terça-feira (15).
O mediador, Stephen King, questionou o que Maria Ressa e Peter Pomerantsev gostariam de perguntar a Zuckerberg.
Ressa disse que gostaria de saber o que ele estaria disposto a sacrificar em nome dos fatos e da democracia. Peter, por sua vez, disse que gostaria de pedir ao CEO que mostrasse para a sociedade exatamente como seus algoritmos funcionam, para que possam construir uma solução conjunta para o problema.
Ressa não conseguiu participar presencialmente do evento, pois dependia de uma autorização da Justiça de seu país para viajar e não a obteve a tempo.
Confira matéria na Época Negócios
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