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29 de novembro de 2023
Segundo a Adalytics, a enorme – mas obscura – rede de parceiros de busca do Google usada, talvez sem saber, por milhares de anunciantes incluía, pelo menos até ontem, sites iranianos, italianos, vietnamitas e outros sites pornográficos e de empresas sujeitas a sanções dos Estados Unidos.
Os anúncios são de marcas, do FBI, de campanhas militares e até mesmo anúncios políticos.
Conclusões do estudo incluem o aparecimento de diversos anúncios de marcas norte-americanas veiculados através de pesquisas em sites pornográficos – aparentemente do Irã e à Itália – foram verificadas de forma independente pela Ad Age antes da publicação do relatório.
O estudo foi resultado do trabalho dos clientes da Adalytics. Ele foi motivado por outro cliente que procurava saber por que os anúncios da marca estavam aparecendo no Breitbart, outro parceiro de pesquisa do Google, embora o polêmico site de direita estivesse nas listas de exclusão da empresa, de acordo com Krzysztof Franaszek, CEO da Adalytics.
A Ad Age não foi capaz de confirmar de forma independente as aparições citadas no relatório, e documentadas por capturas de tela, de anúncios de recrutamento do Federal Bureau of Investigation, de ramos das forças armadas dos EUA e de outras entidades governamentais que aparecem em um site iraniano, iasco.ir, pertencente a um empresa sancionada, a Iran Alloy Steel Co., e um site russo, gpsm.ru., de uma companhia que ajudou a construir a ponte entre a Crimeia e a Rússia.
A pesquisa do AdAge ocorreu depois que o advogado da Adalytics informou o Departamento de Justiça dos EUA sobre o assunto, segundo Krzysztof Franaszek, CEO da Adalytics. Na sequência, o departamento pode ter entrado em contato com o Google.
Além dos anúncios de marcas, as pesquisas realizadas nas últimas semanas pela Adalytics nos sites iranianos e russos supostamente sancionados também mostraram anúncios de recrutamento para o FBI, a Agência de Segurança Nacional, o Departamento de Segurança Interna e inúmeras campanhas políticas e sem fins lucrativos. Isso incluía anúncios para as campanhas de reeleição de políticos norte-americanos.
Um anúncio da campanha do presidente da Câmara, Mike Johnson, apareceu em um site pornográfico russo, segundo a Adalytics.
O relatório menciona dezenas de anunciantes cujas marcas apareceram em resultados de pesquisa em sites questionáveis de parceiros do Google, e centenas de marcas provavelmente foram expostas, de acordo com Franaszek.
Outro site parceiro do Google, o kidzsearch.com, mecanismo de busca voltado para crianças, exibiu, desde a semana passada, resultados de busca do Google e anúncios de exibição de produtos do Google Shopping. A exibição ocorreu em resposta a consultas da Ad Age sobre termos como “cerveja” e “uísque”.
Na noite de segunda-feira, 12 horas depois de o Google ter sido contatado por jornalistas para comentar, os sites pornográficos que veiculavam anúncios do Google e foram levados ao conhecimento do Google tiveram seus widgets de pesquisa do Google removidos ou tornados inoperantes. As barras de pesquisa alimentadas pelo Google já não funcionavam nos sites iranianos e russos, ambos associados a empresas mencionadas nas sanções dos EUA.
Na manhã de terça-feira, as pesquisas por bebidas alcoólicas no kidzsearch.com não geravam mais anúncios de produtos.
O Google não negou que os anúncios da sua rede de pesquisa foram veiculados por sites encontrados pela Adalytics e criados pela Ad Age, mas observou que os sites em questão faziam todos parte de uma subseção do programa GSP, o produto Programmable Search Engine (ProSE). Dan Taylor, VP de anúncios globais do Google, descreveu em um comunicado como “uma parte minúscula de nossa rede de parceiros de pesquisa”, em que os sites geralmente não compartilham a receita do Google.
Taylor descreveu o ProSE como “uma ferramenta de pesquisa gratuita que oferecemos a pequenos sites para que possam apresentar uma experiência de pesquisa diretamente em seus sites. Os anúncios podem aparecer com base na consulta de pesquisa específica do usuário. Eles não são direcionados nem baseados no site em que aparecem. Os sites que apenas implementam o ProSE não obtêm nenhuma receita publicitária desses sites”.
O executivo acrescentou: “As informações limitadas já compartilhadas conosco não identificaram a receita publicitária sendo compartilhada com uma única entidade sancionada”.
O Google não teve a oportunidade de revisar o relatório completo do Adalytics antes da publicação. Mas, segundo Taylor, “a Adalytics estabeleceu um histórico de publicação de relatórios imprecisos que deturpam nossos produtos e fazem afirmações extremamente exageradas”.
A Adalytics divulgou vários relatórios sobre o Google nos últimos meses, incluindo um em agosto, no qual alegou ter encontrado inventário de anúncios de baixa qualidade veiculado no Google Video Partner Program. “Como afirmamos repetidamente, a Adalytics usou uma metodologia falha para fazer afirmações extremamente imprecisas sobre os Google Video Partners”, disse um porta-voz do Google na época .
Alguns sites ProSE podem participar da participação na receita de 51% que outros GSPs obtêm. Contudo, também teriam que se inscrever para fazer parte do programa AdSense. Esse não foi o caso dos exemplos de sites compartilhados pela Ad Age, de acordo com o Google. A big tech, no entanto, ainda recebe receita de quaisquer cliques nesses anúncios.
Sites parceiros padrão incluem automaticamente todas as campanhas de pesquisa do Google. Isso a menos que o anunciante desmarque uma caixa que permite o uso da rede. A rede GSP inclui grandes sites de propriedade do Google, como YouTube, Gmail e Maps. Incluem, ainda, alguns mecanismos de pesquisa menores, como Ask.com e Excite — e aparentemente milhares de outros.
O Google não divulga quais sites estão na rede antes ou depois das campanhas. Nem mostram exatamente onde os anúncios de busca de uma marca foram veiculados ou de onde vieram os cliques. Com o produto Performance Max cada vez mais popular e fortemente promovido do Google, baseado em IA, optar por não participar dos parceiros de pesquisa do Google não é uma opção.
Portanto, os anunciantes podem não saber que seus anúncios estão sendo exibidos em sites desagradáveis, quanto dinheiro vai para esses canais, ou mesmo quais sites estão no ecossistema GSP.
Confira matéria no Meio e Mensagem
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