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O tempero brasileiro para uma educação finlandesa

Fonte: Folha de SP

8 de dezembro de 2022

Finlândia tem modelo elogiado de combate à desinformação como parte do currículo; Brasil já conta com boas iniciativas

Avaliar a confiabilidade de uma informação antes de repassá-la, identificar a intenção das mensagens a que estamos expostos, compreender o papel do jornalismo na sociedade e, principalmente, reconhecer a responsabilidade de cada um de nós ao produzir e compartilhar conteúdos. Esses são alguns dos temas incluídos no currículo de escolas preocupadas com a avalanche de fake news que vem corroendo o direito da população a informações de qualidade.

À primeira vista pode parecer que a descrição acima vem de algum país como a Finlândia, frequentemente descrita no noticiário como exemplo de uma educação preocupada com o desenvolvimento do senso crítico dos estudantes e o combate à desinformação. Mas aqui mesmo, em diversos cantos do Brasil, há iniciativas que procuram incorporar tais habilidades ao dia a dia das escolas.

“Unimos dados históricos ao ensino de pesquisa digital para que os alunos possam reconhecer mensagens falsas, aprendam a elaborar perguntas e, na dúvida, sempre verifiquem a informação”, contou Rita de Cássia Baccari, professora de educação digital na EMEF M’Boi Mirim II, na zona sul de São Paulo (SP). Seus alunos fazem parte do projeto “Imprensa Jovem”, premiado pela Unesco, e participaram recentemente de uma ação com o EducaMídia para que pudessem analisar o processo eleitoral no Brasil pela ótica da educação midiática.

Nos arredores de Brasília, outra educadora colocou a educação midiática no centro de um projeto para estimular a participação cidadã de adolescentes e combater a desinformação. No Centro de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (Cecon) Sobradinho, Tereza Lana organizou no primeiro semestre oficinas com jovens entre 15 e 17 anos. “A ideia é que tenham capacidade crítica para analisar o volume de informações que recebem e possam também ser agentes da cidadania digital nas próprias famílias, evitando que seus familiares consumam e repassem fake news”, relatou em entrevista à Agência Brasília.

Além de diversos projetos pelo país, o que mais chama atenção é o entendimento crescente de que a tarefa de combater fake news e navegar com responsabilidade pelo universo da informação precisa ser incorporada ao currículo das escolas. Nesse contexto, o próprio EducaMídia desenvolveu diversos materiais didáticos adotados pela rede pública do Estado de São Paulo, além de ter parcerias com outras dez secretarias de educação para formação de professores.

A educação midiática no Brasil, ainda que não seja uma política pública com nome e sobrenome, encontra diversos espaços de aplicação na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Esta é uma oportunidade que não podemos desperdiçar. O documento, que norteia a construção de currículos escolares, dá importante destaque para a cultura digital, preconizando a necessidade de os estudantes reconhecerem diferentes gêneros midiáticos, avaliarem a confiabilidade das informações que consomem e produzirem conteúdos com responsabilidade, entre muitas outras habilidades relacionadas à educação midiática.

Comparar a Finlândia com o Brasil pode parecer injusto, pelo fato de que o investimento em educação por lá, de maneira geral, é altíssimo, com excelentes resultados em exames internacionais. Isso sem falar no tamanho da população.

Ainda assim, é importante olhar o que vem dando certo: a educação midiática como política pública consistente e duradoura. Diante dos imensos desafios trazidos pela desinformação, não há solução mágica que transforme o cenário da noite para o dia —é preciso investir em educação de qualidade, abrindo as escolas para os problemas atuais e criando oportunidades para que crianças e jovens sejam agentes de transformação.

Confira matéria na Folha de SP

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