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7 de março de 2022
Psicólogo explica que procuramos informações que confirmem as nossas crenças e descartamos aquelas que são contrárias ao que acreditamos. Além disso, funcionamento das redes sociais ajuda a aumentar a polaridade entre as pessoas.
Receitas caseiras, teorias da conspiração, montagens, informações desencontradas… Estas são apenas algumas das modalidades das fake news que se espalharam e atingiram milhões de brasileiros desde que a pandemia começou. Uma enxurrada de desinformação que só tem aumentado com a guerra na Ucrânia e a proximidade das eleições em 2022.
Para ajudar a entender as fake news e como combatê-las, o Fato ou Fake lança nesta segunda-feira (7), no g1 e no YouTube, uma série de vídeos que explicam o que está por trás deste fenômeno. Publicados semanalmente, os episódios mostram também o que fazer para não se tornar uma vítima da desinformação.
Uma pesquisa da Avaaz feita em maio de 2020 apontou que 9 a cada 10 entrevistados recebeu pelo menos uma mensagem falsa sobre a Covid-19. E as consequências são graves: mais de 70% acreditaram nas mensagens falsas.
Diante da “pandemia” da desinformação, as tentativas e iniciativas para desmentir as fake news aumentaram e ganharam força – como o Fato ou Fake, projeto do Grupo Globo que checa a veracidade das mensagens que estão viralizando nas redes sociais.
Uma das principais respostas a essa pergunta vem da psicologia e se chama “viés de confirmação”, um termo proposto pelo psicólogo inglês Peter Wason na década de 1960. O viés de confirmação quer dizer que nós procuramos informações que confirmem as nossas crenças e descartamos aquelas que são contrárias ao que acreditamos.
Isso quer dizer que nós tendemos a acreditar em certas fake news apenas porque elas estão de acordo com a nossa opinião.
“Você vai ter vieses políticos, vieses de saúde e de todo o tipo. Na medida em que você desenvolve uma opinião, isso faz com que você se torne muito ligado a ela”, explica o psicólogo Cristiano Nabuco, coordenador do Grupo de Dependências Tecnológicas do Instituto de Psiquiatria da USP.
Segundo Nabuco, neste tipo de situação, nós usamos uma parte do cérebro que é voltada para a emoção, e não para a razão.
O professor e pesquisador da UFMG Yurij Castelfranchi diz ainda que as mensagens falsas trabalham com gatilhos. “Essas mensagens te deixam em alarme, em pânico, com nojo ou revoltado. Então você sente a necessidade de compartilhar. Se preocupa com as pessoas que você gosta e quer avisá-las sobre esse perigo. Então as fake news são feitas de propósito para te dar o gatilho de querer contar para todo mundo”, diz.
Nabuco explica que esta reação é mais forte em pessoas que têm um senso menor de pertencimento social – porque não se sentem amparadas pela sua rede de relacionamentos -, baixa autoestima ou vivem em situações sociais desfavoráveis.
“Por que um indivíduo consome fake news e o outro, não? Aquele que não consome talvez tenha um bom senso de autoeficácia e conhecimento. Ele fala: ‘Não, espera um pouco. Eu estou bem, está tudo bem. Isso que estou lendo é pouco provável que esteja acontecendo’”, diz Nabuco.
O professor Yurij Castelfranchi ainda diz que, além das questões individuais que nos fazem acreditar e compartilhar mensagens falsas, há ainda as questões coletivas, de grupo. “Todo ser humano precisa se sentir parte de um grupo. Então tem uma série de mecanismos psicológicos e biológicos que fazem com que você precise sentir que as pessoas te olham com respeito, te admirem e que você tem uma ligação de solidariedade com as pessoas”, diz.
Segundo o psicólogo Cristiano Nabuco, outro ponto importante é que o funcionamento das redes sociais colabora com o clima de polarização.
“A internet colaborou de uma forma extremamente significativa, pois nós sabemos que os algoritmos customizam a informação. A partir do momento que eu entro e clico no candidato 1, gosto dele, curto, comento, o que vai acontecer? O algoritmo do programa vê que eu tenho uma preferência, e todos os outros comentários e amigos que pensam diferente são removidos do meu feed. Depois de navegar por alguns dias, eu vou jurar que o candidato 1 é o melhor”, afirma Nabuco.
Castelfranchi concorda que os algoritmos são feitos de uma forma para colaborar com a polarização e capturar a atenção das pessoas. “Os algoritmos dessas plataformas tendem a te dar coisas cada vez mais exageradas para você ficar cada vez mais vidrado. Se você vê uma mensagem que foi impulsionada e que, por isso, tem um milhão de compartilhamentos, você pensa que ela deve ser boa”, diz.
Diante da situação e sabendo como o viés de confirmação funciona, uma questão que surge é como evitar acreditar em tantas mensagens falsas que circulam nas redes sociais.
Os especialistas dão uma série de dicas simples. Veja abaixo as principais:
Confira matéria no G1
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